quarta-feira, setembro 14, 2005

Como poderia não chorar?

Há poucas horas descobri que o choro não tem hora. O relógio marcava duas. Depois do almoço, estava saindo para a segunda jornada de trabalho do dia, na Redação do jornal. Quando já estava no portão, o entregador de uma loja perguntou:
- Seu Marcelo?.
- Sim, sou eu. Respondi, apressado.
- Viemos entregar o berço...
- Mas não estava marcado para as cinco horas?
- É, mas passamos por aqui e resolvemos arriscar. Que bom encontrarmos o senhor!
"Bom que nada". Pensei. Afinal já estava bem atrasado. Mas tudo bem. Voltei e esperei, por quase uma hora.
E a cada minuto em que o berço tomava forma, ia me emocionando. Escondido dos montadores, limpava as lágrimas que teimavam em rolar. Imagine só quando a Maria Eduarda chegar, daqui a, no máximo, um mês! Eu já sabia que seria um pai chorão. Afinal, eu sou um homem chorão! Minhas emoções fazem parte das camadas da minha pele. E esse é o melhor lugar para elas.
Depois que os montadores foram embora. Olhei atentamente para o berço. Talvez muita gente procurasse por defeitos, mas eu só via a minha filha deitada lá. Só via a minha vida deitada lá. Como poderia não chorar?