terça-feira, março 14, 2006

Sob Medida

O Globo Repórter da última sexta (10) mostrou um especial sobre “Famosos por um dia”. Entre tantos personagens, o destaque maior do programa foi para o menino de Pernambuco, Victor Hugo, de 13 anos. O garoto foi o primeiro a subir ao palco durante o primeiro show do U2, em São Paulo.
Escolhido ao acaso pelo vocalista Bono Vox, Victor Hugo cantarolou – e desafinou - uma ou outra frase com o líder da banda irlandesa. Mais tarde, entretanto, a “performance” de Victor seria ofuscada por uma certa bancária de Volta Redonda, que, além de permanecer ao lado de Bono durante um dos maiores hits da Banda, foi acariciada e até roubou um “selinho” do cantor. Ela sim foi a maior atração do show entre os anônimos.
Prova disso foi o dia seguinte. A imprensa de todo o País e até do exterior entrevistou a bancária. Cogitava-se até ensaios em revistas masculinas. Tudo caminhava bem, até que, pessimamente orientada, o repentino sucesso sobe à cabeça da bancária, que começa a cobrar cachês para entrevista. “Por telefone tem desconte. Pessoalmente e com foto temos que combinar o preço”, dizia uma dublê de assessora de imprensa, cúmplice da burrice da bancária.
Certamente, ela seria a estrela do Globo Repórter. Talvez até ganhasse algum dinheiro com a fama repentina. Mas a atitude dela, sem dúvida, foi um dos motivadores da pauta do programa da Globo. No lugar da bancária, um moleque de Recife, gente boa e nem aí para cachês. E o texto da reportagem do Globo Repórter, além de enaltecer as qualidades do garoto, ainda foi feito sob medida para cutucar a bancária:
“Ele foi o destaque de uma platéia de 73 mil pessoas. Cantou apenas duas frases com Bono Vox”. E mais adiante: “Cansado sim, mas sem estrelismos. Victor Hugo é simpático e atencioso”.
As frases usadas pela reportagem são recados implícitos para a moça de Volta Redonda. E quase toda a condução de edições de imagem e texto se preocupavam mais em esbofetear a bancária do que promover Victor Hugo, que, aliás, nem precisa disso, já que se mostrou super tranqüilo como “celebridade”, e realmente assumiu o posto de estrela do show do U2. Esse posto tinha dono, era da bancária de Volta Redonda, que eu nem citei o nome porque realmente não me lembro mais. Nem eu, nem mais ninguém. Pobre desconhecida! Agora, somente mais uma no meio de mais de 70 mil anônimos que aplaudiram Victor Hugo naquele noite no Morumbi.