sexta-feira, janeiro 20, 2006

Saindo da Sarjeta



A autobiografia de Charles Mingus

O jazz — mais do que qualquer outra arte — foi a principal arma na luta contra o racismo nos Estados Unidos. E raros jazzistas foram tão combativos como Charles Mingus (1922-1979), contrabaixista que ultrapassou o papel de coadjuvante do seu instrumento para se tornar um importante compositor e uma das vozes mais destacadas da música americana do século XX. Mingus tocou com figuras históricas como Louis Armstrong, Duke Ellington, Lionel Hampton, Charlie Parker e Miles Davis, mas foi como líder de grupos formados por músicos relativamente desconhecidos que marcou a sua participação na cultura do nosso tempo.Mais que um simples músico, Mingus foi um homem atuante, sensível aos problemas sociais e humanos que o cercavam. Uma crise o levou a se auto-internar no hospital psiquiátrico de Bellevue, em Nova York — episódio cujo horror transmite sem reservas nesta autobiografia. Raiva e indignação misturam-se a amor e humor no relato do músico.De forma contundente, também expõe seus anos de infância e juventude, a convivência com um pai repressor e uma madrasta muito religiosa, a vagabundagem, a formação sexual e a presença crescente da música em sua vida. Com uma escrita vibrante, Mingus retrata, através da sua trajetória psicológica e musical, as transformações na sociedade e na cultura americanas da primeira metade do século XX.