sábado, maio 05, 2007

A morte de Octavio Frias de Oliveira

A morte do empresário Octavio Frias de Oliveira, publisher do Grupo Folha, gerou uma seqüência de homenagens e reverências em número e tom bem acima do que se costuma testemunhar no país.
Seu Frias, como era tratado, secundado por seus filhos, introduziu conceitos e visão empresariais na condução de um projeto de renovação do jornalismo brasileiro, tanto em matéria de produção de conteúdo quanto no aspecto do marketing e negócios.
Na descrição feita pelo jornal
Valor Econômico, Frias foi "um dos mais importantes brasileiros do setor de comunicação no século XX. Ele mudou a imprensa brasileira, depois de ingressar no ramo, já aos 50 anos, com a aquisição da "Folha", em sociedade com Carlos Caldeira Filho, em 1962.
Sob seu comando, continua o Valor, "a Folha tornou-se peça central de um poderoso grupo de mídia, com presença no setor gráfico e de informação eletrônica. Folha-UOL S.A. (holding) é o segundo maior grupo de comunicação do país, atrás das Organizações Globo. Folha e Globo controlam juntos o Valor. Frias fez da Folha um jornal ousado, cujo sucesso se baseou na independência. Em suas palavras: `A independência não é fácil. As tentações são muito grandes e ocorrem todos os dias. Mas não há preço que a pague. E está aí um dos sucessos da Folha´".
Frias disse que preferia ser lembrado como homem de negócios – uma descrição exata do que foi. Como empreendedor, administrou suas empresas com um misto de ousadia nos objetivos de longo prazo e notável prudência e parcimônia na gestão do dia-a-dia.

O empresário em ação

As apostas de Frias na Folha, e depois na diversificação, deram certo. Em 1996, a Folha atingiria tiragens recordes de 1,5 milhão de exemplares e conseguiria também a supremacia nos classificados. Nos últimos anos, o jornal consolidou sua posição no mercado, apoiado em seus princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência. O grupo que Frias dirigiu faturou R$ 765 milhões em 2006 e tem a maior empresa de internet da América Latina, o UOL, com 10,67 milhões de visitantes únicos domiciliares.
O mais interessante, em Frias, era seu estilo pessoal de conduzir jornalismo e negócios, sem permitir que os princípios das duas atividades colidissem. Coube a ele, por exemplo, aprofundar o espírito de autocrítica que acabou sendo importado por toda a linha de frente da imprensa brasileira. Essa prática incomodou muito, e ainda incomoda, jornalistas que preferiam o mau hábito de esconder seus erros em vez de admiti-los publicamente.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Não questiono a capacidade empresarial de Octavio Frias. Mas nas laudas e laudas de elogios que li e ouvi sobre sua morte, não encontrei nenhuma que lembrasse que o sucesso do Grupo Folhas deve-se muito à competência de Frias em saber reunir gente mais competente ainda do que ele. O maior dentre todos, arrisco-me a dizer, foi Claudio Abramo, polêmico e inegavelmente um grande jornalista, diretor de Redação da Folha de S.Paulo na década de 70.
Abramo foi o principal responsável pelo grande salto que permitiu ao jornal chegar ao que é hoje. Não tiro o mérito dos que o sucederam nem dos que trabalharam ao seu lado. Mas considero uma injustiça terem se esquecido de dizer que o sucesso de Frias deve-se muito a Claudio Abramo. Por ironia, foi o próprio Frias que o demitu em 1977, pressionado pelos militares. Dizem - pelo menos, é o que está escrito no livro "A regra do jogo", assinado por Abramo - que Frias chorou após comunicar a demissão a Abramo. Deve ser verdade, porque Frias o chamou de volta dois anos depois para integrar o Conselho Editorial da Folha.
E quanto à Folha? Eu, particularmente, não simpatizo com o jornal. Reconheço que tem qualidade e conteúdo, mas é um veículo arrogante como nenhum outro. Mas isso é apenas a minha opinião.
Obs: Quem ainda não leu "A regra do jogo" não sabe a aula de jornalismo que está perdendo.

maio 05, 2007 6:07 PM  
Blogger Juliana Lima said...

Assino em baixo. Não nego qualidade da Folha, mas também acho muito arrogante e falhos em alguns aspectos.

maio 10, 2007 10:25 AM  

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