Tempos iguais?
Como em todas as outras eleições – locais, regionais ou nacionais – realizadas no país desde a redemocratização em 1985, mais uma vez a cobertura dos candidatos pela TV volta a ser objeto do interesse dos partidos e dos observadores da mídia. É mais uma reafirmação de que a televisão tem papel importante na determinação dos resultados eleitorais. E, claro, o principal telejornal da televisão brasileira – o Jornal Nacional da Rede Globo – está no centro do debate.
A indiscrição do presidente do PFL de quem se ouviu dizer que "nosso objetivo se chama Jornal Nacional" e os resultados de pesquisas de intenção de voto indicando que o "fator HH" [Heloísa Helena] pode produzir um cenário que levará as eleições presidenciais para o segundo turno, tornou inevitável que as atenções se voltassem para a exposição que os sete (isso mesmo, sete) candidatos à presidência da República têm recebido do JN desde o final das transmissões da Copa do Mundo – que dominaram a telinha por cinco semanas consecutivas.
Atores em disputa
Uma coluna do jornalista Nelson de Sá na Folha de S.Paulo ("Toda Mídia", quinta-feira, 20/7) dando indicações de que a cobertura do JN estaria deliberadamente favorecendo a candidata do PSOL, senadora Heloísa Helena, provocou uma curta mas esclarecedora resposta do diretor-executivo da Central Globo de Jornalismo, o jornalista Ali Kamel, publicada na Folha no dia seguinte. Nela, além de insistir na imparcialidade da cobertura, Kamel revela que foi celebrado um acordo entre a Globo e os partidos e, sobretudo, que "os candidatos que tenham pelo menos 5% nas pesquisas eleitorais ou alternativamente sejam filiados a partidos políticos que tenham ao menos cinco deputados federais" terão cobertura em "tempos rigorosamente iguais" no JN.
Muito bem. A questão que se coloca é: tempos rigorosamente iguais oferecem alguma garantia de que a cobertura jornalística seja isenta?
A mídia – e a televisão, em particular – é a principal responsável, no mundo contemporâneo, por tornar as coisas públicas. E, exatamente por isso, a política e os políticos dependem dela. Em períodos eleitorais – mas não só neles – os atores políticos têm que disputar visibilidade na mídia. Mas isso não basta: os políticos têm que disputar visibilidade favorável ao seu ponto de vista.
A indiscrição do presidente do PFL de quem se ouviu dizer que "nosso objetivo se chama Jornal Nacional" e os resultados de pesquisas de intenção de voto indicando que o "fator HH" [Heloísa Helena] pode produzir um cenário que levará as eleições presidenciais para o segundo turno, tornou inevitável que as atenções se voltassem para a exposição que os sete (isso mesmo, sete) candidatos à presidência da República têm recebido do JN desde o final das transmissões da Copa do Mundo – que dominaram a telinha por cinco semanas consecutivas.
Atores em disputa
Uma coluna do jornalista Nelson de Sá na Folha de S.Paulo ("Toda Mídia", quinta-feira, 20/7) dando indicações de que a cobertura do JN estaria deliberadamente favorecendo a candidata do PSOL, senadora Heloísa Helena, provocou uma curta mas esclarecedora resposta do diretor-executivo da Central Globo de Jornalismo, o jornalista Ali Kamel, publicada na Folha no dia seguinte. Nela, além de insistir na imparcialidade da cobertura, Kamel revela que foi celebrado um acordo entre a Globo e os partidos e, sobretudo, que "os candidatos que tenham pelo menos 5% nas pesquisas eleitorais ou alternativamente sejam filiados a partidos políticos que tenham ao menos cinco deputados federais" terão cobertura em "tempos rigorosamente iguais" no JN.
Muito bem. A questão que se coloca é: tempos rigorosamente iguais oferecem alguma garantia de que a cobertura jornalística seja isenta?
A mídia – e a televisão, em particular – é a principal responsável, no mundo contemporâneo, por tornar as coisas públicas. E, exatamente por isso, a política e os políticos dependem dela. Em períodos eleitorais – mas não só neles – os atores políticos têm que disputar visibilidade na mídia. Mas isso não basta: os políticos têm que disputar visibilidade favorável ao seu ponto de vista.
1 Comments:
Não sei se HH recebe ou não mais tempo do que os outros no JN. Mas essa história me lembrou uma eleição de anos anteriores, quando TV Globo & Cia não faziam questão de destacar sua "imparcialidade". Não me lembro o ano nem se era para prefeito do Rio ou governador do estado (refresquem minha memória, por favor!). Entre os candidatos havia Benedita da Silva (PT) e Cidinha Campos (PDT). No 1º turno, o Globo e a TV Globo deram muito mais espaço para Benedita e "detonaram" Cidinha. Quando esta ficou fora do 2º turno, a situação mudou e Benedita virou a bola da vez, já que o outro candidato era apoiado por Roberto Marinho. Ou seja, o "apoio" ao PT, inimaginável naquela época, nada mais era do que uma estratégia para derrubar o candidato brizolista. E deu certo.
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