segunda-feira, dezembro 25, 2006

Quem paga manda?

Qual o maior anunciante do Brasil? Será a Coca-Cola, a Ambev? Talvez a Unilever, com todas as suas marcas? Ou as onipresentes Casas Bahia, com seu "quer pagar quanto?" Seriam as campanhas eleitorais, caso os horários fossem pagos? Só a que levou Lula à reeleição custou mais de 100 milhões de reais.
Nada disso: o maior anunciante do Brasil, por incrível que pareça, é o governo federal. Em 2007, a verba a ser torrada em publicidade é de 412 milhões de reais. E, considerando-se que o governo não tem concorrentes nem vende nada, para que irá gastar tanto dinheiro – seu, meu, nosso dinheiro – em propaganda?
Não, não estamos esquecendo as empresas estatais que disputam o mercado. Estas têm verbas próprias, além dos 412 milhões de reais. O Banco do Brasil tem quase 200 milhões de reais para gastar, muito mais do que o Bradesco – e o Bradesco, consistentemente, ano após ano, tem conseguido resultados melhores. Há meio milhão de reais para o Conselho Nacional de Justiça; há 400 mil reais para o Senado – como diria o poeta Ascenso Ferreira, "para que? Para nada". Que é que podem propagandear o Senado, ou o Conselho Nacional de Justiça?
O Ministério da Defesa terá verba publicitária de meio milhão de reais. Seu principal problema, no momento, é a crise dos aeroportos. De que adianta gastar dinheiro, o nosso dinheiro, para explicar o inexplicável?
As publicações sempre tiveram de conquistar o público, para depois conquistar anunciantes. A coisa parece agora mais simples: circulação, qualificação do público, número de leitores por exemplar, custo por telespectador, nada disso é muito importante. Com toda essa verba, basta apoiar o governo e seus políticos preferidos. A gente paga. E eles mandam.

2 Comments:

Blogger Ná Jornalista web said...

Pois é,e nem nos damos conta de tudo isso,né?!
E isso não muda, mesmo sabendo do que acontece?cadê a reação?cadê a indgnação?

p.s:voltei again

Beeijo Ná Carvalho

dezembro 28, 2006 4:46 AM  
Anonymous Anônimo said...

Não é de hoje que o poder público (federal, estadual ou municipal) investe pesado em publicidade. Aconteceu em ditaduras e em governos eleitos pelo voto. Foi assim nos 15 anos da ditadura Vargas e em seu retorno como presidente eleito. Nesta segunda ocasião, os Diários Associados faziam oposição a Getúlio mas recebiam uma grande parcela da publicidade oficial. No governo JK e na ditadura militar ocorreu o mesmo. É claro que os jornais que apoiavam o governo eram "beneficiados" com mais publicidade. E não pensem que acabou após a saída dos militares. Continuou o mesmo, só que não tão escancarado. Nos estados a situação é igual. Ou alguém acha que um jornal se sustenta apenas com venda em bancas e assinaturas? Não sou a favor dessa dependência das verbas oficiais, mas, aqui entre nós, todos sabemos que o que sustenta um veículo é a publicidade. Se o setor privado está sem dinheiro, o jeito é correr atrás das estatais, sejam elas federais ou estaduais.

dezembro 31, 2006 2:03 PM  

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