quinta-feira, novembro 23, 2006

Escola Base, de novo!

Confissão poupou a mídia de uma nova Escola Base

Durou pouco, mas foi escandaloso. Na sexta-feira, o assassinato, em um bairro de classe média alta de São Paulo, de um casal de aposentados – Sebastião e Hilda Tavares – logo chamou atenção da imprensa. Os sites informativos começaram a noticiar o caso, que chocava pela violência praticada – os dois foram mortos a facadas – e pela apressada conclusão do delegado titular do 23º DP de que o filho do casal assassinado, o escrevente Rogério Gonçalves Tavares, seria o principal suspeito de ter cometido o crime.
Rogério havia sido encontrado no local do crime com um ferimento no pescoço e foi levado a um hospital. Ao longo da tarde de sexta-feira, a maior parte dos sites tratou o escrevente como assassino. Nos jornais de sábado, embora a polícia tenha recuado e passado a tratá-lo também como vítima, Rogério Tavares continuou aparecendo nas reportagens como suspeito de assassinar seus próprios pais.
No domingo, porém, o caso foi finalmente solucionado. A Justiça decretou a prisão temporária do desempregado Luiz Eduardo Cirino, 29, que se apresentou à polícia e confessou ter assassinado os aposentados. Vizinho das vítimas, ele disse que entrou na casa para roubar e que matou o casal porque houve reação. Cirino entregou à polícia roupas sujas de sangue, uma máscara e uma faca que teriam sido usadas no crime.
Não há dúvida alguma que o escrevente Rogério Tavares foi horrivelmente prejudicado pela imprensa. O prejuízo só não foi maior porque o assassino foi logo descoberto. Não fosse assim, Rogério passaria a conviver com, no mínimo, a suspeição de ter cometido não um, mas dois assassinatos. Aliás, o tempo em que Rogério permaneceu sob suspeição foi mesmo curto, mas o suficiente para que a residência do casal morto fosse pichada com frases ofensivas e ameaças ao escrevente. Além disto, alguns perfis publicados sobre o escrevente insinuavam que ele poderia ter algum tipo de doença mental.
Ao fim e ao cabo, a verdade é que a mídia comprou a versão apressada de um delegado – exatamente o mesmo roteiro do início do caso da Escola Base. Bastaria um pouco de prudência dos jornalistas e o mal feito ao escrevente teria sido evitado. Afinal, o "suspeito" estava ferido no pescoço, não havia sinais da arma do crime, as marcas de sangue iam até o muro da casa e a polícia havia sido chamada por uma vizinha que reportou ter visto um mascarado fugindo da residência. Rogério Tavares teria que ser realmente um grande ator para matar os pais e simular a coisa toda, ainda mais com a avó presente na cena do crime.
Em certos momentos, como se pode perceber, é melhor pensar com a própria cabeça do que confiar na autoridade. Para o delegado e para a imprensa, a versão de um assassinato duplo perpetrado pelo filho das vítimas certamente tem "mais leitura", isto é, vende mais jornal e rende mais imagens da autoridade no exercício da nobre função. Um latrocínio é um crime bem mais comum e, portanto, menos "rentável".
No episódio da Escola Base, a imprensa inteira foi atrás da versão de um delegado, com exceção do jornal Diário Popular. Lá houve um repórter que desconfiou do que ouviu, pensou com a própria cabeça e reportou a história ao seu editor, que convenceu a Direção de Redação a esquecer o assunto, apesar do apelo comercial que teria em um jornal popular como era o Dipo. Alguém já disse que o jornal merecia, naquele ano, o Prêmio Esso por não ter publicado um único parágrafo sobre o caso...

sábado, novembro 11, 2006

Na 'vitrola'

Morto há 28 anos, pouca gente da nova geração conhece a obra de Elvis Presley. Este, sem dúvida, o maior cantor de todos os tempos. Até hoje ninguém vendeu - e continua vendendo - tantos discos quanto Elvis. Segundo registros recentes da indústria fonográfica, mais de 1 bilhão. Isso mesmo, um bilhão de discos vendidos em todo o planeta! É o cantor mais executado em todo o mundo, mesmo nunca tendo feito um único show sequer fora do território americano. Imagine só se pudesse contar com, por exemplo, a internet?

Quando Elvis morreu eu não passava de uma criança. Certamente faria parte dos excluídos da boa música que não cohecem o talento de Elvis. Por sorte, cresci ouvindo seus discos. Minha mãe, fã incondicional, assim me permitiu. Mas essa história eu já contei aqui...

Gostaria agora de falar sobre o disco que não sai do Cd-player: "Ultimate Gospel". Neste raro título é possível apreciar uma das ainda mais desconhecidas facetas de Elvis. Evangéilco, Elvis sempre incluía louvores em seus shows. Mais do que isso, seus ensaios sempre eram inciados com sessões e mais sessões do melhor Black Gospel. Eram duas as maiores paixões de Elvis: Jesus e a mãe.

Lembro-me de uma passagem de sua biografia que relatava um momento em um show em Atlanta, quando um grupo com seis garotas estendeu uma enorme faixa que dizia: “Elvis é o Rei!”. No meio do espetáculo, Elvis, enfurecido, mandou parar a música, apontou para as garotas e disse:

- Vocês estão enganadas: Jesus é o Rei!

Apesar de gravações aleatórias em diversos discos, Ultimate Gospel é o único registro apenas com músicas de louvores gravadas por Elvis. E ele caprichou! O feeling de Elvis, os arranjos meticulosos e atmosfera de louvor a Cristo fazem com que seja praticamente impossível não se emocionar ao ouvir qualquer uma das canções. Este sim, um disco que vale a pena.

sexta-feira, novembro 10, 2006

O FUTURO DOS JORNAIS

Gannett deposita esperança em jornalismo cidadão

A Gannett, maior cadeia de jornais dos EUA, anunciou seus planos de publicar matérias com informações de blogueiros, internautas que participam de grupos de discussão online e outros não-jornalistas. A iniciativa seria uma tentativa de reconquistar a atenção de leitores que trocaram de vez o papel pela rede e pela televisão.
O grupo, que cuida de 90 jornais – incluindo o maior do país, USA Today –, espera que o chamado "jornalismo cidadão" impeça a atual tendência da indústria de queda de circulação e receita publicitária.
Segundo Michael Maness, vice-presidente de planejamento estratégico do Gannett, trata-se de uma "reestruturação fundamental" no jornalismo diário do grupo – que também planeja unir as operações impressa e online no USA Today e outras de suas publicações.

Cobertura aprofundada

A manobra para incluir "jornalistas cidadãos" nos "quadros" da empresa, dizem os executivos, permite que os jornais abordem de maneira mais profunda áreas de conhecimento que não são dominadas por muitos jornalistas. O News Press, na Flórida, por exemplo, já recrutou engenheiros, contadores e outros leitores para examinar documentos e determinar por que a ligação de serviços de água e esgoto em casas novas era tão caro. O jornal publicou uma série de artigos feitos com o apoio destes leitores sobre o assunto.
Jay Rosen, professor de jornalismo da New York University, diz ter ficado impressionado com o experimento do jornal da Flórida. "Se esta for a direção seguida pelos outros jornais do Gannett, poderemos aprender muito com ela".


Informações da AP [7/11/06]

sexta-feira, novembro 03, 2006

Identidade

Cultura é identidade. Mais que isso, é tudo o que o homem imaginou para moldar o mundo, para se acomodar nele e torná-lo digno de si próprio. É isso a cultura: tudo o que o homem inventou para tornar a vida vivível e a morte afrontável.

Aimé Césaire

quarta-feira, novembro 01, 2006

Da Diretora do Núcleo de Comunicação Social da UFF

Aos meus caros jornalistas

Prezados Colegas,


Penso que alguns de vocês me conheçam, outros estejam em fase de conhecimento. Desejo que todos, nesse curto período de convivência, saibam separar ou compreender o sentido das minhas qualidades e defeitos, ambos, referências de crescimento diário de qualquer ser humano.
Nestas idas e vindas, quando do convite desta Universidade para chefiar a Comunicação Social, não pude dizer não...! Apesar da minha vida profissional, naquele momento estar bem conduzida e o convite ter sido formulado numa área de trabalho que confesso não me animava tanto, todavia, considerando-me uma funcionária pública – repito, não me refutaria a ajudar.
E nela fiz o que pude para somar a minha experiência, a minha fé, a minha energia a cada um (a) da equipe formada pela dupla Cícero e Peçanha. Nesses seis anos de trabalho conjunto, a Comunicação na Universidade Federal Fluminense deu um salto de qualidade, atuando de forma estratégica e decisiva na formação de imagem da instituição. A arte do improviso gradativamente perdeu espaço para a profissionalização. A comunicação passou a ser uma ferramenta planejada para aperfeiçoar a capacidade de intermediar relações com os diversos públicos de interesse, entre eles, a comunidade acadêmica, a sociedade e a imprensa.
Hoje a comunicação não está a reboque, nem à frente dos objetivos da nossa organização, mas ao lado dela, como parte do seu planejamento estratégico. Um canal eficiente para professores, alunos, dirigentes e servidores tornarem públicas, interna e externamente, as informações sobre a produção científica, a vida acadêmica, cultural, político e administrativa, além de ser um excelente campo de estágios para estudantes da universidade.
Passados estes anos, quero voltar ao projeto que originalmente tinha estabelecido, de me concentrar na área de comunicação e saúde, minha especialidade certificada pela Fiocruz, com o objetivo de somar esforços na construção de uma política de comunicação para a saúde pública do país.
Penso que estar na chefia do Núcleo de Comunicação da UFF é mais que temporalmente incompatível. Assim tem revelado minha alma, porque subestimei os minutos de cada telefonema e solicitação que precisei atender, com cuidado, tentando responder e servir a todos e tudo com o carinho do cargo/função, o que exigiria ampliar as horas do relógio -mais que 24 horas-. Logo, preciso de um afastamento para poder dedicar-me com mais afinco.
Aproveito a oportunidade para primeiro agradecer o convívio, o trabalho conjunto, a paciência com minhas limitações, digo com meus defeitos, sonhando que as qualidades ocupem o patamar superior das nossas almas neste período de convivência. Segundo, desejar que em 2007 e nos anos que seguem, possamos ampliar nosso potencial de produção rumo à superação das desigualdades.
Por fim, deixo um grande abraço a todos, e a cada um da equipe, na esperança de podermos continuar ajudando a Universidade Federal Fluminense.
Por um Brasil Sem Fome, pelas famílias, todas com Saúde e Educação, e por um mundo com Paz!

Cristina Ruas
Com esperanças sempre!