sábado, março 31, 2007

Bons Tempos III - Stevie Ray Vaughan

Não poderia dar seguimento a essa pequena seleção das bandas e músicos que marcaram e ainda marcam minha vida sem falar neste cara. Não é exagero dizer que existem dois tipos de guitarristas: os que querem tocar como Stevie Ray Vaughan e os que tentam tocar como ele. Sua influência para o instrumento, independente do estilo, é inquestionável, o que o coloca na história ao lado - ou na maioria dos casos - acima de nomes como Jimi Hendrix, Django Reinhardt, Charlie Christian, Eric Clapton, Jeff Beck, Jimmy Page, entre outros. Todos precursores de inovações que fizeram a guitarra nunca mais ser a mesma. Mas se cada um se destacava por uma carecterística, Vaughan era o único a possuí-las todas: técnica, virtuose, velocidade, habilidade e, acima de tudo, um feeling incomparável.
Para o blues, sua importância foi tanta que fez ressuscitar e difundir, a toda uma nova geração, um estilo que estava há quase duas décadas relegado ao esquecimento. Trouxe de volta aos holofotes lendas como Albert King, Freddie King, Albert Collins e Buddy Guy, entre outros, todos amplamente citados por ele como suas fontes de inspiração. E mais, com seu peculiar blues texano de pegada forte, impregnado de influências de Hendrix, aliado à postura incendiária nos palcos, injetou sangue novo ao estilo, que, desde então, renova-se a reboque de toda uma legião de jovens guitarristas que nele se inspiram.
Em 1982 grava seu primeiro disco, a obra-prima "Texas Flood".
Não seduzido pelo estrelato, Vaughan continuava fazendo shows em pequenos bares. E isso só serviu para chamar mais atenção. Quem era aquele guitarrista excepcional que preferia ser um desconhecido fiel ao seu trabalho do que ser alguém?
Em 86, Stevie já era há alguns anos um grande sucesso reconhecido internacionalmente. Mas problemas com drogas e álcool levaram ao fim de seu casamento e a internação em uma clínica de reabilitação. Em 88, ele finalmente retornou saudável e sóbrio para gravar In Step, que demonstra sua maturidade técnica e musical.
Quando tudo parecia finalmente bem, veio o pior. Em 27 de agosto de 90, após um show ao lado de Eric Clapton, Buddy Guy e Robert Cray, Stevie entrou em um helicóptero rumo a Chicago, próxima cidade de sua turnê. Para se ter noção de quem foi este cara, o dia de sua morte é feriado estadual no Texas, e as rádios o homenageiam com horas e horas de seu mais puro e perfeito som, como o que eu selecionei para postar aqui. Uma apresentação apoteótica de Texas Flood. Reparem só o que Vaughan era capaz de fazer com uma guitarra e digam se eram ou não Bons Tempos!

segunda-feira, março 26, 2007

Bons Tempos II - Genesis

Prosseguindo com minha pequena lista dos grupos que me acompanharam - e ainda continuam habitando meu mp3 - chega agora a vez do "Genesis". Esta é, de longe, minha banda preferida. E Peter Gabriel, também, meu vovalista predileto. A mistura de sonoridades em melodias longas e letras rebuscadas fez deste um dos principais grupos do cenário da música em todo o mundo. A interpretação única de Gabriel, que introduziu elementos da Literatura e, principalmente, do Teatro às suas composições influenciaram várias bandas. Talvez o Marillion, do também ótimo vocalista, Fish, seja a principal mostra da marca deixada por Genesis e Gabriel. Aqui publico "The Musical Box", do disco "The Nursery Crime", numa performance ao vivo. Como curiosidade, vejam, na bateria, Phill Collins (ainda cabeludo), mas de onde nunca deveria ter saído. Não chega nem aos pés de Gabriel. Reparem na interpretação e vejam se exagero. Bons tempos!!!

terça-feira, março 20, 2007

A mídia como ela é

Os meios de comunicação desempenham hoje funções essenciais à consolidação das sociedades democráticas. Diante de tal relevância, torna-se decisivo também o debate sobre os diferentes mecanismos que contribuem para a regulação das atividades da própria mídia. E, ao mesmo tempo, investigar como essa discussão vem sendo tratada pela imprensa. Trazer respostas para esse desafio foi um dos objetivos da pesquisa cujo relatório pode ser lido aqui (em arquivo PDF; 1,67 MB).
Os meios de comunicação comprovadamente têm sido compreendidos como engrenagens centrais no ordenamento do debate público acerca das mais distintas questões. As conquistas tecnológicas dos últimos séculos – principalmente, o advento da radiodifusão – deram ainda mais amplitude a tal percepção. Não é por outra razão que as empresas de comunicação de massa passaram a ser vistas como um "quarto poder" na esfera política.
Essa importância, do ponto de vista do jornalismo, ficou patente quando se compreendeu que à imprensa – em suas diferentes plataformas – caberia desempenhar alguns papéis fundamentais para o pleno desenrolar da Política. Dentre eles, levar informações contextualizadas aos diferentes públicos, agendar o debate em torno dos temas vitais para as sociedades nos quais estão inseridos e garantir que as várias instituições democráticas – especialmente governos – sejam responsivas perante as demais.

53 jornais, 4 revistas

Nesse cenário – tão relevante quanto complexo – impõe-se uma interrogação essencial: como a mídia, um dos guardiões da democracia, guarda a si mesma? Desvendar os principais aspectos dessa questão é o objetivo do presente estudo, coordenado pela ANDI, em parceria com a Fundação Ford. Tendo como base uma amostra de textos jornalísticos veiculados ao longo de 2003, 2004 e 2005 acerca das chamadas Políticas Públicas de Comunicação (PPC), o trabalho busca descrever e analisar como 53 jornais de todas as unidades da Federação, além de quatro revistas de circulação nacional, se comportam quando os temas em destaque em suas páginas remetem a questões referentes ao próprio universo das comunicações.
A introdução traz o perfil geral da cobertura jornalística sobre o assunto, bem como os procedimentos metodológicos utilizados para a elaboração da investigação. Sempre se valendo, como pano de fundo, dos dados da pesquisa, no primeiro capítulo são traçadas algumas das principais relações entre mídia e democracia. No segundo, são abordadas questões relacionadas à infra-estrutura necessária à operação dos meios de comunicação – pontuando-se temas como regulação, concessões e propriedade. Já no terceiro capítulo, estarão em foco algumas discussões acerca da regulação dos conteúdos. Por fim, são apresentados alguns dados mais gerais coletados pelo estudo.

quarta-feira, março 14, 2007

Estatal

Só hoje, no segundo dia do noticiário sobre a intenção do governo de criar uma "Rede Nacional de Televisão Pública", para a difusão por todo o território dos atos e políticas do Executivo federal, a imprensa se lembrou de destacar que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Tudo que é estatal é público, mas nem tudo que é público é estatal.
O governo Lula tem seus motivos - aceitáveis ou contestáveis - para investir R$ 250 milhões na criação de sua rede, porque a TV Nacional, da estatal Radiobrás, só chega a 30% dos municípios brasileiros. A nova rede já estava prevista na legislação sobre a TV digital, que multiplica o número de canais disponíveis no sistema aberto.

segunda-feira, março 12, 2007

Out of rest...

Também conhecido como "De bobeira!". De férias (merecidas) em Cabo Frio....21 dias de nada, nada pra fazer a não ser brincar com a filha, namorar a esposa e, claro, curtir uma prainha.

Abraços, até a volta.

segunda-feira, março 05, 2007

O que é notícia e o que é pesquisa

Em recente entrevista, o cientista político Fábio Wanderley Reis acusa a mídia e a academia de se entrosarem num coro que tem muita indignação, mas pouco estudo sério.
O emérito professor comete uma injustiça e dois equívocos. A função da imprensa é justamente esta, de vocalizar a indignação – isso vale para a imprensa brasileira ou qualquer outra num Estado democrático. Pretender que a imprensa produza "estudos sérios" todos os dias é ignorar a sua função de noticiar o que aconteceu.
A imprensa faz as primeiras avaliações. Quem tem obrigação de produzir estudos sérios é a academia. E se a academia hoje está mais empenhada em produzir brigas do que debates sérios a culpa não é da mídia, mas da academia.

Mistério a desvendar

É verdade que certos setores da nossa imprensa, como os semanários de informação, perderam qualidade. Os analistas de política ou economia, obrigados a produzir três ou quatro comentários por dia, às vezes escorregam na ligeireza. Mas as edições de domingo dos grandes jornais brasileiros oferecem excelente material para reflexões.
A mídia produziu o milagre de manter a sociedade mobilizada ao longo de um mês inteiro em torno da questão da violência e obrigou a classe política a encarar esta questão com um senso de urgência incomum. Quem ainda não conseguiu fazer coisa alguma é o governo. Mas esse é um mistério que o professor Fabio Wanderley Reis poderia nos ajudar a esclarecer.

sábado, março 03, 2007

Bons tempos I - Journey

De vez em quando vou postar aqui algumas das coisas que sempre ouvi, e ainda ouço. Bons tempos. Começo com um super hit: Don't stop Bellievin.

A novela acabou

Em meio à discussão sobre o fim da maior idade penal, ainda não ouvi ninguém falando sobre o fim das novelas. Ontem, mais uma chegou ao seu final. E para variar, famílias foram separadas. Relações fora do casamento, incentivadas. Quem roubou, se deu bem. Quem tentou matar, também . Essas e outras histórias, comuns nas novelas, estão há anos habitando e construindo o imaginário de milhões de pessoas. Ninguém trabalha nas novelas. Tudo é muito fácil, vem fácil. Se as novelas fossem banidas da TV, certamente não se discutiria tanto se devemos ou não mandar crianças para a cadeia. É evidente que as novelas não são as únicas responsáveis por toda a violência do País. Mas poder mandar uma criança para a cadeira também não resolveria nada.
Não sou a favor do fim da maioridade penal. Sou a favor da família, aquela que não existe nas novelas.

quinta-feira, março 01, 2007

Ratinho

SBT terá que indenizar em R$ 1,4 milhão naturistas ofendidos por Ratinho

O SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) terá de pagar uma indenização de R$ 200 mil a sete naturistas gaúchos que tiveram suas imagens veiculadas indevidamente e foram ofendidos pelo apresentador Carlos Massa, o Ratinho, em seu programa. A decisão é da 4ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que, por 3 votos a 2, acolheu, em parte, o pedido da emissora e reduziu a indenização, fixada inicialmente em mil salários mínimos para cada autor.
De acordo com a assessoria do STJ, em 1999, as imagens foram feitas na colônia de naturismo Colinas do Sul, no município de Taquara (RS), onde residem cerca de 100 pessoas. O compromisso firmado pelo SBT e pelos membros da colônia previa que as cenas seriam divulgadas exclusivamente pelo programa SBT Repórter, à época apresentado pelo jornalista Hermano Henning.
No entanto, as imagens foram utilizadas também no Programa do Ratinho, em 1999. O apresentador teria feito comentários preconceituosos e jocosos sobre os integrantes da colônia e inclusive sobre partes íntimas dos que apareciam no vídeo. Sete pessoas que apareciam nas imagens se sentiram ofendidas e ingressaram na Justiça.
Na primeira e na segunda instâncias a emissora foi condenada a indenizá-los. O SBT recorreu da decisão ao STJ, pleiteando a reforma da decisão ou a diminuição do valor da indenização, fixado pelo TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul) em mil salários mínimos — com os juros, a indenização alcançaria cerca de R$ 2 milhões, a mais alta da história do país.
Para o ministro Cesar Asfor, relator do processo no STJ, “houve abuso e desrespeito na veiculação das imagens dos autores, membros da comunidade naturista, pelo SBT no Programa do Ratinho, inclusive, em descumprimento de cláusula contratual expressa, de forma deliberada”.
Segundo Asfor, a atitude do SBT “há que ser reprimida com rigor, não só pela gravidade da situação concreta, como pela necessidade de se coibir novas condutas semelhantes. Há que se dar o caráter punitivo adequado para que não se concretize a vantagem dos altos índices de audiência sobre os riscos advindos da violação dos direitos constitucionalmente garantidos, honra e dignidade”.
No entanto, o ministro considerou excessivo o valor de mil salários fixados pelo tribunal gaúcho. Para ele, o valor fugiria, “em muito” os parâmetros do STJ. Com esta argumentação, o ministro fixou em R$ 200 mil para cada uma das vítimas, o valor da indenização, que deve ser corrigido a partir da data do julgamento. Dois dos ministros da 4ª Turma, Jorge Scartezzini e Massami Ulyeda, votaram pela manutenção do valor arbitrado pelo TJ-RS. Aldir Passarinho e Hélio Quaglia Barbosa acompanharam o relator.