segunda-feira, junho 26, 2006

Diploma

STF vai decidir sobre diploma
obrigatório para jornalistas

O desembargador Baptista Pereira, vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, com sede em São Paulo, admitiu recurso do Ministério Público Federal contra a obrigatoriedade do diploma para jornalistas profissionais. O processo agora vai subir para o Supremo Tribunal Federal decidir se a exigência do diploma é "incompatível" com a Constituição, como entende o Ministério Público Federal.

Em 2001, a juíza Carla Rister, da 16ª Vara Cível, suspendera a obrigatoriedade. Em outubro de 2005, o TRF restituiu a exigência.O juiz federal convocado Manoel Álvares, relator do processo, entendera que são "incalculáveis" os danos "pelo exercício da profissão por pessoa desqualificada".
Em março, a procuradora-regional da República Luiza Fonseca Frischeisen ofereceu recurso, sob a alegação que a Constituição garante o direito do livre trabalho.A procuradora argumentou que o jornalismo "constitui uma atividade intelectual, desprovida de especificidade que exija diploma para seu exercício".

sexta-feira, junho 23, 2006

DAN RATHER

Veterano se despede da CBS após 44 anos

Depois de 44 anos de serviços prestados à CBS News, Dan Rather deixou o canal de notícias americano na terça-feira (20/6). O contrato de Rather venceria em novembro, mas sua saída foi antecipada em conseqüência da polêmica edição do 60 Minutes sobre a atuação de George Bush na Guarda Nacional, nos anos 1970.
Apresentado por Rather e transmitido em setembro de 2004, em época de campanha presidencial, o programa baseou seus argumentos em documentos de veracidade questionável e foi brutalmente criticado. Seis meses depois, em março de 2005, o jornalista deixou o posto de âncora do telejornal noturno CBS Evening News, que ocupava havia 24 anos.

Desejo de trabalhar

Rather contribuiu com oito reportagens para o 60 Minutes após o episódio controverso, mas confessou que o trabalho não era suficiente para satisfazê-lo. Segundo o jornalista, a CBS teria lhe oferecido um novo contrato sem tarefas estabelecidas. "Depois de uma extensa briga... eles não sustentaram sua obrigação de me permitir fazer um trabalho substancial aqui", desabafou Rather.
Já era notório o desejo da CBS de deixar para trás a era-Rather e dar início a uma nova era com a chegada da âncora Katie Couric – que assume a apresentação do CBS Evening News em setembro, no lugar de Bob Schieffer. Sean McManus, que assumiu a presidência da CBS News no ano passado, não quis expor detalhes sobre a oferta feita pela emissora ao jornalista. "Basicamente, não conseguíamos pensar em uma situação para Dan na CBS News que fizesse sentido tanto para ele quanto para nós", afirmou, ressaltando que a decisão não teve motivação financeira.
O ex-âncora, de 74 anos, afirmou que não tem intenção de se aposentar. Ele considera uma oferta para fazer um programa semanal na HDNet, pequena rede de televisão digital oferecida em sistemas a cabo e por satélite. "Não tem nada a ver comigo ficar parado e não fazer nada", afirmou, completando que fundou uma empresa, a News and Guts, para futuros investimentos jornalísticos.

Fonte: Associated Press e CBS

quarta-feira, junho 21, 2006

Demagogia

O deputado Paulo Baltazar (PSB-RJ) tem usado seu programa de rádio para “desafiar” veículos e jornalistas que noticiam (entre esses eu) seu suposto envolvimento na compra superfaturada de ambulâncias a “provarem” que ele tem realmente qualquer participação na chamada máfia das ambulâncias. Acredito que quem deva provar ou não alguma coisa é a Polícia Federal, que já investiga o caso; a recém-criada CPI dos Sanguessugas; e por fim o próprio deputado, que deve desmontar todas as evidências levantadas pela imprensa nos últimos meses. A edição da revista Isto É da semana passada, por exemplo, teve acesso ao livro-caixa da Planam onde, segundo a matéria, o nome do deputado Baltazar aparece várias vezes, inclusive em “contas a pagar” e, em alguns casos, grafado como “Paulinho” Baltazar – bem íntimo, não? -, ao lado de municípios que receberam emendas do parlamentar para a compra das ambulâncias.
Além do descabido “desafio”, o deputado usa o microfone para fazer demagogia ao dizer que é favorável à CPI, já que “não tem nada a temer”. Ele só não diz que se recusou a assinar – e não assinou – o pedido de instauração da Comissão.

Se realmente não tem nada a temer eu não sei, mas pelo menos deveria preocupar-se com membros da CPI como a senadora Heloísa Helena e o deputado Fernando Gabeira, que ainda parecem ser ilhas de moralidade no mar de lama do Congresso.
Por fim, o deputado deveria refletir que se o mundo todo fosse um grande tribunal, certamente aos jornalistas não caberiam os papéis de juízes ou promotores. Restaria aos jornalistas o papel que já desempenham, de testemunhas de fatos e evidências. E nesse grande julgamento o único papel ainda vago é o de réu, já que os eleitores serão os jurados, e a sentença final virá das urnas, deputado.

domingo, junho 18, 2006

Dogma

Amanhã tudo volta à normalidade. Uma raridade parecida com a passagem do cometa Halley é um jornalista de folga num feriado. Agora, outra folga só daqui a, quem sabe, 76 anos. Outro feriado só em setembro. Uma pena. Aliás, que me perdoem os católicos, mas o maior dogma dessa religião me parece ser o feriado. Que venham outros. Amém!

sexta-feira, junho 16, 2006

Obra definitiva

O link a seguir é, sem dúvida, a obra definitiva para todos nós que moramos em apartamento. Apesar de demorar um pouco para carregar, acreditem, vale a pena. Em especial dedico aos amigos Roberto e Denise. Qualquer semelhança parecerá proposital. Pelo menos comigo foi!

quinta-feira, junho 15, 2006

Primeiro Mundo

Editor deixa Libé por pressão de acionista

Fundado pelo filósofo Jean-Paul Sartre no início da década de 1970, o diário Libération se afundou em "crise existencial" nesta semana depois que seu principal editor foi convidado a se retirar do jornal. Símbolo da esquerda francesa, o Libé teve de se render ao poder do dinheiro que sempre esnobou. Bernard Lallement, um dos co-fundadores do diário junto com Sartre e com o agora demitido editor Serge July, resumiu a situação: afirmou que o jornal, que "sempre detestou dinheiro", dessa vez "não pôde escapar da realidade econômica".
July, de 63 anos, reuniu os jornalistas na manhã de terça-feira (13/6) para anunciar que o maior acionista do Libé, Edouard de Rothschild, havia pedido sua saída. Rothschild teria ameaçado não aplicar mais um centavo no jornal caso a publicação continuasse sob o comando de July.
O Libération foi forçado a aceitar a incomum parceria de Rothschild, oriundo de célebre família de banqueiros, no ano passado. Se sua circulação nunca passou dos 200 mil exemplares, a queda de leitores nos últimos anos tem sido acelerada. O Libé tem perdido seu público mais rápido que outros jornais franceses – também em crise. Em 2005, o jornal chegou a registrar prejuízos de 500 mil euros por mês.
Edouard de Rothschild, amigo do conservador e controverso ministro do Interior francês Nicolas Sarkozy, injetou 20 milhões de euros no Libé e adquiriu 37% do controle do jornal, tornando-se acionista majoritário. O investidor e July, ex-revolucionário maoista e veterano da revolta estudantil de 1968, nunca se entenderam. Há menções a um raivoso episódio entre os dois, num restaurante em Paris, depois do qual Rothschild teria pedido a cabeça do editor.


Sobre texto de Alberto Dines

quarta-feira, junho 14, 2006

Just to relax

Dica para relaxar no feriado: Box Stevie Ray Vaughan.
Uma raridade imperdível para quem aprecia boa música.

segunda-feira, junho 12, 2006

Chega de anonimato

THE WASHINGTON POST reduz uso de fontes anônimas


Sobre artigo de Deborah Howell

Mais uma vez a ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, abordou um assunto polêmico no meio jornalístico: fontes anônimas. Deborah inicia sua coluna de domingo [4/6/06] afirmando que o uso de fontes anônimas pode prejudicar a credibilidade do jornal. De acordo com ela, o manual de normas do Post informa que "quando usamos uma fonte não identificada, pedimos aos nossos leitores um voto de confiança na informação que estamos fornecendo. Devemos estar certos de que o benefício dos leitores vale o custo da credibilidade".
Desde 2004, o Post passou a incentivar os seus repórteres a pararem de usar fontes anônimas. Uma regra estabelecida então afirma que o jornal "quer ser o mais transparente possível com os leitores, para que eles saibam de onde foi retirada a informação". Uma pesquisa feita na segunda e terceira semanas de abril nos anos de 2004, 2005 e 2006 mostra que os repórteres do Post têm conseguido seguir tal regra.
Deborah analisou os artigos publicados nestas semanas e verificou que, em 2004, 66 matérias continham fontes anônimas; em 2005, o número foi para 68 e, em 2006, caiu para 45. Ainda assim, a ombudsman afirma que muito tem de ser feito para diminuir estes números, pois grande parte das citações anônimas não era suficientemente justificável. Muitas revistas e jornais do País mantém esse tipo de relação com as fontes, se é que realmene eslas existam. Quem perde somos nós, leitores.


sábado, junho 10, 2006

A Copa começou, meu Deus!

A Copa do Mundo de futebol começou. Dezenas de jogos. Milhões de torcedores espalhados pelo País. Meu Deus! E quem vai tomar conta do Brasil? Nesses momentos de festa - e letargia - para o povo é o que os mandatários deitam e rolam... O deputado federal Paulo Baltazar (PSB-RJ) declarou em um jornal que no dia da estréia do Brasil estará "trabalhando em Brasília". Seria para tentar evitar a CPI dos "sanguessugas"? Temos que ficar de olho, no futebol e na política!

quarta-feira, junho 07, 2006

GLOBO E RISCO DE VIDA

Antes de morrer pela palavra

De um tempo para cá se têm ouvido e lido nos veículos do sistema Globo de jornalismo a expressão "risco de morte". Aos poucos foi possível decifrar o sentido: a novidade chegou com o propósito de substituir "risco de vida". "Ignorância ou má-fé?", pergunta a professora e especialista em Língua Portuguesa, Maria da Conceição do Couto Netto.
Conceição lembra que em seu mais conhecido livro, 1984, George Orwell "nos fala de uma `novilíngua´ – tradução bastante adequada para a palavra newspeak –, eficientíssimo instrumento de manipulação mental sob o comando do Big Brother, onipresente personagem da sombria narrativa cujo tema, atualíssimo, aborda o controle absoluto da sociedade humana, uma idéia nada distante do que está ocorrendo hoje, nos vagidos do século 21".
Prossegue a professora: "Publicado em 1949, o texto nos alerta para a possibilidade de vivermos futuramente num planeta dominado por uma poderosíssima organização tentacular, quando então não haverá espaço para divergências políticas ou religiosas, opiniões contraditórias, embates intelectuais autênticos e outros exercícios discursivos inerentes à liberdade de expressão que caracteriza os ambientes verdadeiramente democráticos".
"Ao destacar em sua obra a importância estratégica da novilíngua", continua a professora, "Orwell nos alerta para aquilo que desde o pré-socrático filósofo Heráclito já se deveria saber: a mente é a sede do discurso, o discurso é tecido pela língua e a língua é o suporte do pensamento, donde pode-se razoavelmente inferir que controlar a língua é um dos modos mais rápidos e insidiosos de teleguiar a mente das pessoas sem que elas percebam". Para ela, alguns exemplos dessas tentativas de sutilíssima dominação acontecem logo ali, na esquina do país em que vivemos, sem que causem estranheza na alma dos intelectuais de plantão, sempre aparentemente tão atentos a outras questões de interesse popular, em nome de uma mentalidade politicamente correta, legítima Hidra-de-Lerna dos tempos modernos, à altura das piores intenções de um Big Brother verde-amarelo".
"Pois é" – salienta Conceição –, "vindo ao encontro dessas sinistras constatações, eis que surge no horizonte dos meios de comunicação – estamos falando especificamente da TV Globo – um acontecimento que parece curiosamente se relacionar com o esquema orwelliano de rescritura lexical: riscaram do texto jornalístico, num passe de mágica besta, a expressão risco de vida. Agora a palavra de ordem é falar e escrever risco de morte!"

Para levar em conta

E mais: "Sedimentada por séculos de uso e consagrada por falantes de todas as camadas sociais, a forma proscrita é facilmente encontrada na obra de escritores como Machado de Assis e Eça de Queirós, entre outros de igual porte literário. Não bastassem tais credenciais, é preciso lembrar aos desavisados que rejeitar essa provecta criatura é ignorar que lá onde o diabo perdeu as botas lingüísticas – lugar interessantíssimo no qual, por exemplo, "pois sim" pode significar não e "pois não", sim – ela era falada e escrita como "risco de perder a vida", tendo sofrido, por conta do passar dos anos, uma elipse, fenômeno lingüístico que reduz a extensão de um enunciado sem prejuízo do seu sentido original".
Observações desse tipo, segundo a professora, levantam a suspeita shakesperiana de que há algo de muito podre no reino da mídia brasileira. "A iniciativa de se fazer tão esdrúxula correção verbal terá partido de um generoso interesse em prestar um serviço educacional à população?", pergunta. "Se foi isso, o fato resultou, na verdade, em um erro estapafúrdio – o que só denota ignorância. Ou será que o ocorrido, nas barbas da desatenção patológica em que se afoga a consciência nacional, terá sido o sintoma de uma descarada tentativa de finalmente se implantar no país a novilíngua versão portuguesa sob a inspiração profética de Orwell? Se foi isso, o acontecido não passou de um balão de ensaio para vôos totalitários mais altos – o que só denota desonestidade. Tertium non datur..."
E conclui a professora: "Felizmente, tanto na ficção quanto na realidade, o projeto de poder absoluto que utiliza a pasteurização discursiva – eficiente método de semeadura para o florescimento daninho de um conveniente "pensamento homogêneo" – encontrará invariavelmente resistência na misteriosa força do não por acaso desmoralizadíssimo livre-arbítrio, ainda presente em alguns raros e incômodos seres que sabem que a língua é o veículo por excelência do vastíssimo psiquismo humano, uma estrutura natural que nenhum meio externo, por mais opressor e maquiavélico que seja, conseguirá cercear ou moldar completamente: quem cria o vírus conhece a vacina."
Creio que a reflexão da professora Maria da Conceição deve ser levada em conta para que a vida não corra o risco de morrer pela palavra.


Por Maria Luiza Franco

Pacto do bem

Talvez seja uma boa hora para discutir a importância de a mídia comandar uma campanha por um pacto nacional contra a violência. Uma necessidade cada vez mais urgente.
O crescimento do crime organizado exige que a sociedade também se organize para dar uma resposta à altura mas, em um ano de eleições presidenciais, parece que não há tanta pressa.
O presidente Lula já acenou com a possibilidade de uma ação conjunta entre governo e oposição, mas só depois do pleito, em outubro.
Será que podemos nos dar ao luxo de esperar? Será que um pacto entre a própria mídia para pressionar a classe política não poderia surtir efeito e acelerar o processo? Ou será que nada mais fará efeito nesse País, onde um bando de desocupados travestidos de trabalhadores rurais invade um dos maiores símbolos da democracia brasileira para provocar o caos e a desordem. É certo que os membros titulares do Congresso dão demonstrações evidentes de descaso com o povo e com a Pátria. Mas apoiar atos de vandalismo é incentivar a violência.
Quando ando pelas ruas do Rio sinto uma forte descarga de adrenalina. Dúvida sobre o que encontrar pela frente. O mesmo acontece quando ando em São Paulo ou até em Volta Redonda. Precisamos nos mobilizar, não só pelo fim da violência que torna as mortes banais, mas lutar também por nossa liberdade
.

sábado, junho 03, 2006

Quero saber

Quero saber se você vem comigo
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim alcançaremos
a incomunicação; por fimir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar de cada dia
ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar
por fim, não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com uma condição: não nos compreender

Pablo Neruda (Últimos Poemas)

sexta-feira, junho 02, 2006

A Copa da Globo

Estamos a poucos dias da Copa. Não da Copa do Mundo, como nos velhos tempos. Mas da Copa da Globo. Ao comprar os direitos de transmissão exclusiva para o Brasil, a emissora controlará, inclusive, imagens e entrevistas dos jogadores. No que depender da Globo, os brasileiros receberão notícias homogênias e, claro, pasteurizadas. O problema é que a Rede Globo confunde compra de direitos de imagem com sociedade. Galvão Bueno, por exemplo, acredita ser uma espécie de diretor da Confederação Brasileira de Futebol. A marca do "jornalismo-chapa-branca" que a Globo lutou durante anos para retirar do Jornal Nacional, por exemplo, permanece a todo o gás no jornalismo esportivo. Bem feito, com belas imagens e excelentes textos, entretanto, sem qualquer conteúdo.