terça-feira, janeiro 31, 2006

Evolução

Algumas pessoas acreditam que evoluímos do macaco. Se eu acreditasse nessa hipótese, diria que era exatamente ao contrário: os macacos são nossa evolução. Quando as pessoas, por exemplo, seguirem os gestos dos parceiros aí de cima, muita coisa na vida seria bem mais simples. Nesse papo de cadeia evolutiva, nós ainda estamos muito atrasados!

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Legítima Defesa

Li hoje, acho que no O DIA, que uma mulher foi presa por ter roubado um ar condicionado de uma loja, no Rio. Mas isso não é legítima defesa?

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Big Brother

terça-feira, janeiro 24, 2006

Filosofia

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia

Noel Rosa (O sábio)

domingo, janeiro 22, 2006

Pra paulista ver

Primeiro foi o Galvão Bueno, devidamente expulso das transmissões de futebol para o Rio. Afinal, uma daquelas muitas pesquisas que a Globo faz mensalmente – e que, claro, não são divulgadas – mostram que os cariocas detestam as chatices crônicas do Galvão. Então, restou para o locutor-jabazeiro-promote, o Campeonato Paulista, os jogos com times paulistas do Brasileiro, e – infelizmente – os jogos da Seleção.
O mais recente “deportado” é Regis Rosing. E que chato. No começo da carreira era até engraçadinho... Eram diferentes aquelas passagens no momento exato do gol... “O cara é foda!”, diziam alguns incautos, como eu! Mas depois que você começa a vê-lo em ação durante as partidas, o tempo todo atrás das traves tentando pegar um lance para “narrar” um gol durante uma passagem, você desmonta a farsa.
E depois você até se pergunta:
- Mas como um cara pode fazer a matéria de uma partida de futebol sem se ligar nos detalhes do jogo?
Muito fácil. Fácil mesmo. O Regis faz seus textos em cima das imagens. Não é fácil? Não requer prática, habilidade, nem tampouco apuração... Basta narrar uma historinha repleta de verbos, marca registrada das matérias dele. Quem não sem lembra de “tentou, chutou, caiu, rolou, levantou gritou... (aí entra a imagem de um maluco na arquibancada vestido de anjo e, pronto, é a deixa pra mais um verbo), rezou!”.

Mas não colou mais no Rio, e... São Paulo no Regis.
Quem agora tem que se cuidar é Tadeu Schmidt. Ou será que aquelas piadinhas sem graças para narrar um gol, ou aquela interatividade com os cenários, bisonhas, vai agradar alguém por mais tempo? Claro, quando falo “alguém” não me refiro aos paulistas. Lá, em São Paulo, sempre vai haver um lugarzinho pra caras como Galvão Bueno, Regis Rosing e Tadeu Schmidt. E não é bairrismo não! E que os paulistas são tão “tudo mais do que a gente”, que, admito, não sei reconhecer um talento quando me deparo com um como eles...
Aposto que se algum paulista estiver lendo esse post já deva estar me criticando: “... ô meu! Esse cara deveria estar fazendo uma reciclagem para agregar mais valor aos seus comentários! Desse jeito vai acabar sendo by passado...”. Ou coisas desse dialeto tão rico, em verbos....aliás, como as matérias do Regis Rosing.
A verdade é que, para quem trabalha na Globo, o auge da carreira é trabalhar em São Paulo. Pra mim, apenas sinônimo de chatice.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Saindo da Sarjeta



A autobiografia de Charles Mingus

O jazz — mais do que qualquer outra arte — foi a principal arma na luta contra o racismo nos Estados Unidos. E raros jazzistas foram tão combativos como Charles Mingus (1922-1979), contrabaixista que ultrapassou o papel de coadjuvante do seu instrumento para se tornar um importante compositor e uma das vozes mais destacadas da música americana do século XX. Mingus tocou com figuras históricas como Louis Armstrong, Duke Ellington, Lionel Hampton, Charlie Parker e Miles Davis, mas foi como líder de grupos formados por músicos relativamente desconhecidos que marcou a sua participação na cultura do nosso tempo.Mais que um simples músico, Mingus foi um homem atuante, sensível aos problemas sociais e humanos que o cercavam. Uma crise o levou a se auto-internar no hospital psiquiátrico de Bellevue, em Nova York — episódio cujo horror transmite sem reservas nesta autobiografia. Raiva e indignação misturam-se a amor e humor no relato do músico.De forma contundente, também expõe seus anos de infância e juventude, a convivência com um pai repressor e uma madrasta muito religiosa, a vagabundagem, a formação sexual e a presença crescente da música em sua vida. Com uma escrita vibrante, Mingus retrata, através da sua trajetória psicológica e musical, as transformações na sociedade e na cultura americanas da primeira metade do século XX.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Minha Filha

Não sei quando a criança pára
de enxergar anjos ou de cumprimentá-los.
Se acontece por uma obediência natural

ao esquecimento, ou só depois?
Para não sofrer com os acidentes do invisível,
já que é demasiado sofrer

com o que se aprende no visível.
Essa é uma resposta que te devo.
Ficamos juntos algumas horas ao dia,

e fico reparando em teus gestos
para descobrir algo do meu temperamento no teu.
Eu não te eduquei,

não te corrigi em seqüência,
sou o pai que vai voltar tarde.
Tudo o que tento ensinar não tem uma segunda

e uma terça-feira para permanecer.
Esquecemos de continuar, de completar
a frase, o assunto e a partitura.

Nossa convivência é feita de inícios,
com a memória diária de que estou ali
e tu estás ali, como duas crianças

regendo uma tempestade.
Te aproximas de mim
a segurar um objeto antigo.

Um objeto antigo que recorda
a casa que não teve. Não descobri
a forma ideal de convivência,

muito menos o que gritar
para chamar tua atenção.
O que desperta tua confiança:

A ordem ou o sussurro?
O riso contido ou desavergonhado?
O choro de frente ou murmúrio abafado?

Na hora em que me beijas,
viras o rosto lentamente,
a escapar da barba.

Herdaste até o medo da barba de tua mãe.
Herdaste os medos dela com lealdade.
Não herdaste meu medo

de não ser compreendido.
Não posso me defender
dos ataques dela,

do que ela possa dizer de mim.
Porque defender é atacar.
Atacar é destruir a casa

em que moras, a vida que tens,
o mundo que desde sempre reverencias como teu e indivisível
.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Paradoxo

A família é uma espécie de antimatéria pessoal. Ela é o vácuo do qual você emerge e o lugar para onde retorna quando morre. Aí está o paradoxo: quanto mais perto dela você chega, mais afunda no vazio.

domingo, janeiro 15, 2006

Janela

Falta um pedaço de vidro
na janela e o vento
faz a cortina voar.

Falta um pedaço de vidro
na janela e
os sons da rua
passam a conviver
com o silêncio da tarde caseira.

Falta um pedaço de vidro
na janela e o vento teima
em espalhar poeiras e sonhos
por toda a casa.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Foi um D.O.C.?

Será que foi por meio de um Documento de Ordem de Crédito (DOC) que o deputado federal Paulo Baltazar (PSB-RJ) doou seu salário extra pela convocação extraordinária da Câmara? Afinal, foi so tirar da conta corrente dele e passar para a conta corretente da ong dele. Como disse O Globo "Baltazar doa para ong de Baltazar". Pensando bem, deve ter sido por "cheque TB" (Transferência Bancária), que não precisa pagar CPMF. Ele não ia perder 0,25% sobre a "doação" que fez. Para ele, a entidade até merece. Só o povo que não!

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Como não pensei nisso antes?

Se você é de sentir inveja, não deveria ler isto. Porque é bem provável que Alex Tew, um jovem de 21 anos natural de uma cidadezinha na Inglaterra, seja mais esperto que você. E ele provou isso ao abiscoitar a quantia de US$ 1 milhão em apenas quatro meses na internet. (!)
Mas como? Vendendo pornografia? Traficando remédios? Nada disso. Tudo o que ele vende são pixels - os pequenos pontos que aparecem na tela quando você acessa o site dele.
Alex teve a idéia para seu website de US$ 1 milhão - chamado, logicamente, The Million Dollar Homepage - enquanto estava deitado na cama, pensando em como faria para pagar sua universidade.
A idéia: transformar o site num painel de um milhão de pontos, e vendê-los por um dólar cada um para quem quisesse botar o logotipo de seu negócio na página. Um quadrado de dez por dez pontos, do tamanho de uma letra, custaria, desse modo, US$ 100.
Alex vendeu alguns pontos para para os irmãos e os amigos e, quando juntou mil dólares, publicou um press release sobre a iniciativa.
O release chamou a atenção da imprensa, espalhou-se pela internet e logo anunciantes de todo tipo de coisa - desde sites de encontros, cassinos, corretoras de imóveis até o "The Times" de Londres e o Yahoo! começaram a pagar um bom dinheiro pelos pixels, botando links para seus sites.
Últimos mil pixels estão sendo leiloados no eBay
Até agora, foram comprados 999 mil pixels. Os últimos mil estão sendo leiloados no eBay, segundo um post que o estudante pôs no site no primeiro dia de 2006. (O maior lance até o fechamento desta edição do "Info Etc" foi de US$ 152.300. Ótimo negócio. E ainda dá tempo para mais apostas, já que o leilão online só vai terminar depois de amanhã.)
A home page de Alex se parece agora com uma Times Square online, enfeitada com com uma espécie de confete multicolorido feito de anúncios.
- O dinheiro todo está quietinho numa conta bancária - conta Alex de sua casa em Wiltshire, no Sudoeste da Inglaterra. - O único luxo que realmente me permiti foi comprar um carro. Acabei de passar no exame para tirar a carteira de motorista, então comprei para mim um Mini preto.
O site tem testemunhos dos anunciantes, alguns dos quais compraram espaços a princípio como uma brincadeira, só para descobrirem que estavam recebendo valiosos cliques online por uma minúscula fração do preço tradicional de um anúncio na internet.
Criador do site já é assediado por investidores do mundo web
Enquanto isso, Alex vem se desdobrando para administrar o site ao mesmo tempo em que estuda no primeiro período da universidade. Ele está cursando administração.
- Está difícil tentar equilibrar o comparecimento às aulas e o gerenciamento do site - diz.
Entretanto, pode ser que ele não precise estudar por muito tempo. Já está recebendo ofertas de emprego de empresas de internet, impressionadas por um jovem que conseguiu bolar um meio original de fazer dinheiro online.
- Não esperava que a coisa acontecesse dessa maneira - admite. - Receber essas ofertas de emprego e ser abordado por investidores... a coisa toda é meio surreal. Ainda não consigo acreditar
.

Reuters/O Globo, em 09 de janeiro

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Em frente!


Seus passos ainda não dependem de sua vontade. Ela precisa dos pais para seguir. Mas no que depender de mim, Maria Eduarda, você trilhará um belo caminho em sua vida, a começar por 2006.
Não sei se conquistará tudo o que de melhor houver. Mas sempre te darei tudo o que de melhor eu tiver. Principalmente o meu amor por você, incondicional.
Eu te amo, minha filha! Em frente, filha! Em frente!

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Faltou uma pergunta

Até quando Lula vai continuar massacrando a imprensa?

Incisivo, soube perguntar e soube replicar. Preparou-se, mostrou que está por dentro da cena política. Repórter famoso, mas repórter: não é um destes parajornalistas pára-quedistas que nos últimos seis meses desqualificam a mídia brasileira.
Pedro Bial, no entanto, não fez a pergunta que angustia aqueles que se preocupam com o futuro da nossa imprensa e da nossa democracia:
– Presidente Lula, o senhor é um autêntico fenômeno midiático, ganhou as eleições porque conquistou a imprensa. Mas por que razão vem massacrando a imprensa desta forma? Durante nossos intervalos democráticos, nunca houve um presidente tão rancoroso com a imprensa.
A pergunta não foi feita nesta e nas anteriores entrevistas porque é explosiva, mexe com a vaidade do presidente da República. Pode abrir um fosso ainda maior entre o presidente, seus assessores e os meios de comunicação. Como todas as crianças mimadas, Luiz Inácio Lula da Silva quer mais, não se contenta com o que lhe oferecem.


Alberto Dines

segunda-feira, janeiro 02, 2006

O Crime da Enfermeira


A princípio a idéia de eu gostar do Genesis era inconcebível. Não tinha apanhado a fase de Peter Gabriel - e Steve Hackett – e as únicas coisas que conhecia da banda eram os singles retirados dos álbuns mais chegados à minha fase de vida “consciente”, o que aconteceu por volta de 1990, quando me lembro ter começado a comprar discos – ainda em vinil.
Um dia um amigo, Marcus Vinícius, de Resende, após um longo papo sobre gosto musical e rock progressivo – álbuns de Genesis, King Crimson e Yes eram o prato do dia – me emprestou uma fita-cassete (isso mesmo!) do álbum “Selling England by the Pound”, e o meu mundo musical redirecionou-se.
Ali estavam músicas cujo conteúdo daria para fazer não um, mas uns dois ou três álbuns diferentes, e de qualidade.
O vocalista – Peter Gabriel – parecia meio louco com todos aqueles teatrismos vocais – as bandas de Neo-Prog bem que tentaram imitá-lo…; Steve Hackett produzia uns sons na guitarra muito elegantes; Phil Collins – o anticristo para muitos – era um baterista perfeito e extremamente criativo (nunca deveria ter se aventurado como vocalista); Tony Banks vinha da escola clássica, mas também se “mexia” bem nos sintetizadores; e depois havia Mike Rutherford, o homem que andava lá por trás dando consistência aos talentos.
“Nursery Cryme” deve ter sido um dos álbuns que primeiro comprei.
Vinha de “Selling England by the Pound” e “The Lamb Lies Down on Broadway”, cuja adaptação não foi fácil. Mesmo assim, temas como “The Musical Box”, “The Return Of The Giant Hogweed”, “Harold The Barrel” e “The Fountain Of Salmacis” atraíram-me desde logo, ajudando “Nursery Cryme” a permanecer durante algum tempo no rol dos álbuns mais ouvidos nesses tempos.
Em “Nursery Cryme” a banda distanciava-se cada vez mais dos ambientes pastorais de “Trespass” e avançava a bom passo em direção a paisagens mais cruéis/hilariantes, tornando-se também a música mais complexa e excitante.
Há muito tempo não o ouvia, mas aproveitei esse feriado para redescobrir a boa música. Encontrei.

Que venha 2006

Mais um ano que começa. Metas. Derrotas. Vitórias. Desilusões. Mentiras. Verdades. Estamos preparados - ou deveríamos estar - para tudo. E que tudo venha, mas apenas não podemos esquecer de nossas limitações. Afinal, os homens são deuses mortais e os deuses, homens imortais; viver é-lhes morte e morrer é-lhes vida. E que venha 2006!