O Dono do Mundo II
Tecnicamente, os Estados Unidos podem isolar um país inteiro da internet, embora poucos acreditem que isso seja provável de acontecer. O isolamento seria possível com uma alteração no principal servidor raiz da Organização da Internet para Designação de Nomes e Números (Icann, na sigla em inglês). A Icann é uma organização não governamental sem fins lucrativos sediada na Califórnia que centraliza os domínios de primeiro nível da rede, a exemplo do '.com' e o '.br'.
Esse servidor-mãe da Icann replica as atualizações feitas nele para outras máquinas espalhadas pelo mundo. Se, por exemplo, o domínio do Iraque (.iq) for tirado do sistema, as outras máquinas-espelho, como a do Brasil, perderão o contato com as páginas do país, embora a nação ainda possa utilizar a internet internamente.
- Um único país controla a internet - critica o secretário de logística e tecnologia da informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, um dos representantes do Brasil na cúpula.
Integrante brasileira do conselho da Icann e secretária de política de informática na segunda gestão de Fernando Henrique Cardoso, Vanda Scartezini, ressalva que a administração das máquinas é feita por funcionários sem interesses políticos ou ligação com o governo americano, como acadêmicos.
- É praticamente inviável que isso aconteça. Precisariam passar por cima dessas pessoas - diz.
Mesmo com a criação do fórum internacional, os Estados Unidos ainda manteriam o poder de tirar um país da rede, já que a administração de domínios continuará sendo feita pela Icann. Por ser americana, a empresa está sujeita às leis locais e às determinações do Departamento de Comércio dos EUA.